terça-feira, 6 de março de 2012

Nos livros está tudo.

   Que haverá nos livros?- costumava perguntar a mim mesma quando tinha tres ou quatro anos, sentada no meu banquinho, na livraria de meus avós.
   Atrás do caixa sentava-se a avó.Do outro lado do balcão, a minha mãe esperava os clientes.Por detrás dela, as estantes chegavam até o teto e, para se poder alcançar os livros das prateleiras de cima, uma grande escada suspensa de uma barra de ferro por dois ganchos, deslizavam da esquerda para a direita para a esquerda.Não pensem que me aborrecia! Quando um cliente entrava na loja, eu punha-me a adivinhar: irá escolher um livro das estantes inferiores, ou interessar-se-á, por algum colocado nas de cima? Jovem, ágil e inteligente, a minha mãe sabia onde colocava cada livro, subia a escada se necessário, descia com um livro de capa azul, vermelha ou douradae colocava-o diante do computador.Eu sentia-me orgulhosa da minha mãe e cada vez me interessava mais e mais pelo que pudesse existir nos livros.Nas filas de baixo, também havia os de capa azul, vermelha ou dourada, cheios de letras negras, pequeninas, mas nenhum tinha desenhos tão bonitos como os meus!
   Em minha casa toda a gente lia.Ao observar os seus rostos inclinados sobre um livro, ao ver que ás vezes sorriam, outras vezes se punham sérios, e que certos momentos viravam a página com uma atenção tensa, interrogava-me: Por onde andaram? Se lhes falo, não me ouvem e, quando por fim me presta atenção, parecem acabados de sair de algum lugar distante.Por que não me levam com eles? Que existe afinal os livros? Qual é o sagredo que não querem me contar?

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